quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Campanha: Quem ama abraça!!

Há 30 anos a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 25 de novembro como o Dia Internacional de Luta pela Não Violência contra as Mulheres com o intuito de conscientizar todos para esse grave problema que mulheres de todo o mundo enfrentam.

Também completa 20 anos a campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra as Mulheres, criada pelo Centro para a Liderança Global das Mulheres (Center for Women's Global Leadership - CWGL), para enfatizar queesta forma de violência é uma grave violação dos direitos humanos.

Os 16 dias terminam no dia 10 de dezembro, dia da Declaração Universal dos
Direitos Humanos das Nações Unidas.

A campanha Quem Ama Abraça! acontece no âmbito da celebração dessas datas e foi criada para disseminar a mensagem de que as mulheres do nosso Brasil e do mundo inteiro têm o direito de viver uma vida sem violência e repleta de paz como todas e todos.

Fonte: http://quemamaabraca.org.br/

Dados e informações


A violência contra a mulher é um grande problema social que vem sendo 
estudado nos diversos centros de pesquisa, fundações, secretarias de 
estado e universidades. Você pode se informar melhor e disseminar 
este conhecimento na sua comunidade, na sua escola ou faculdade

A campanha  small logo selecionou uma série de
documentos,relatórios e artigos que te ajudarão a conhecer melhor o que se pensa
e o  que se escreve sobre este assunto.


1. Lei Maria da Penha / LEI 11.340/2006 Congresso Nacional/Brasil –  www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm

2. Relatório: Identificando entraves na articulação dos serviços de atendimento às  mulheres vítimas de violência doméstica e familiar em cinco capitais (Março de 2011) -  Observe - Observatório da Lei Maria da Penha - www.observe.ufba.br/_ARQ/relatorio_final_redes[1] (1).pdf

3. Dossiê Mulher 2011 (ano-base 2010) – ISP (Instituto de Segurança Pública)/ Secretaria de  Segurança do Estado do Rio de Janeiro - 

4. Pesquisa de opinião pública: Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e  Privado (2010)- Fundação Perseu Abramo SESC - www.fpabramo.org.br/sites/default/files/pesquisaintegra.pdf

5. Pesquisa: Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil (2011) - Instituto Avon / Ipsos - www.institutoavon.org.br/wpcontent/themes/institutoavon/pdf/iavon_0109_pesq_portuga_vd2010_03_vl_bx.pdf

6. Desafios políticos em tempos de Lei Maria da Penha - Pougy, Lilia Guimarães -  www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-49802010000100009&lng=pt&nrm=iso

7. Femicídios: homicídios femininos no Brasil - Meneghel, Stela Nazareth e Hirakata, Vania Naomi -

8. Centralidade de gênero no processo de construção da identidade de mulheres envolvidas  na rede do tráfico de drogas - Barcinski, Mariana -  www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232009000500026&lng=pt&nrm=iso

9. Violência sexual por parceiro íntimo entre homens e mulheres no Brasil urbano Schraiber, Lilia Blima et al. - www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102008000800015&lng=pt&nrm=iso

10. Fatores associados à violência por parceiro íntimo em mulheres brasileiras -  Oliveira, Ana Flávia Pires Lucas et al. - www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102009000200011&lng=pt&nrm=iso

11. Três décadas de resistência feminista contra o sexismo e a violência feminina no Brasil: 1976 a 2006 - Bandeira, Lourdes - www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922009000200004&lng=pt&nrm=iso

12. Vivências da vida conjugal: posicionamento das mulheres - Souto, Cláudia Maria  Ramos  Medeiros and Braga, Violante Augusta Batista www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672009000500003&lng=pt&nrm=iso

13. A pouca visibilidade da mulher brasileira no tráfico de drogas - Souza, Kátia Ovídia  José de - www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722009000400005&lng

14. Mulheres no policiamento ostensivo e a perspectiva de uma segurança cidadã. 

15. A violência nas relações de conjugalidade: invisibilidade e banalização da violência
 sexual? - Dantas-Berger, Sônia Maria and Giffin, Karen -  www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2005000200008&lng=pt&nrm=iso

16. Renunciantes de direitos? A problemática do enfrentamento público da violência 
contra a mulher: o caso da delegacia da mulher - Brandão, Elaine Reis - www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312006000200005&lng=pt&nrm=iso

17 .Masculinidade e violência no Brasil: contribuições para a reflexão no campo da  saúde - Souza, Edinilsa Ramos de - www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232005000100012&lng=pt&nrm=iso


Fonte: http://quemamaabraca.org.br/

Até Quando???

Vivemos numa sociedade historicamente regida pelo sistema patriarcal, que estrutura as relações de dominação e ainda continua atribuindo ao homem, marido ou companheiro, a chefia conjugal e o mando nas relações afetivas. Nessa relação de poder, coube às mulheres o papel de cuidadora da casa, responsabilidade pela educação dos filhos e obediência ao “seu provedor”.

O Código Civil de 1916, que instituía ao homem a chefia da sociedade conjugal como representante legal da família, com o poder de administrar os bens comuns do casal e os bens particulares da esposa, incorporava e legalizava juridicamente “o modelo que concebia a mulher como dependente e subordinada ao homem”.

Quase cem anos se passaram e muitas águas rolaram. As mulheres se organizaram, ocuparam praças e exigiram mudanças na lei e na vida. A Constituição de 1988 equiparou os direitos legais de igualdade econômica, política e social. O último Censo/IBGE 2010, publicado recentemente, indica que as mulheres já controlam 38,7% dos domicílios brasileiros.

No entanto, os mecanismos de dominação, opressão e violência contra as mulheres continuam fazendo vítimas em nossa sociedade. Seja através da violência doméstica e familiar, da violência sexual, que acontece dentro e fora de casa, dentro e fora da família, da violência psicológica, que através de humilhações, insultos, intimidação, desvalorização e ameaças, ridicularizam a mulher, sob qualquer forma, provocando dores tão profundamente como as outras formas de violência ou ainda, a violência institucional, praticada pelas instituições do estado, por ação ou omissão.

O resultado de anos de luta dos movimentos de mulheres contra a violência doméstica, só pôde ser comemorado pelas brasileiras, em 2006, com a aprovação da Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha, um passo significativo para assegurar à mulher o direito à sua integridade física, psíquica, sexual e moral. No entanto estatísticas ainda mostram uma trágica realidade, reflexo do secular patriarcado.

Segundo a pesquisa “Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil”, organizada pelo Instituto Avon, entre as mulheres agredidas no país, 15% apontam que são forçadas a fazer sexo com o companheiro e 38% dos homens também admitem que já agrediram fisicamente as mulheres. As causas mais comuns são o ciúme e o alcoolismo, no entanto, 12% confessam que já bateram nas companheiras sem motivo!

Quando lemos notícias de violência feminina nos jornais sempre nos perguntamos, porque essas mulheres não abandonam seus agressores? A pesquisa do Instituto Avon fez essa mesma pergunta e o resultado é preocupante: 25% das mulheres responderam que a falta de dinheiro para viver sem o companheiro é o principal motivo, em segundo lugar vem a preocupação com a criação dos filhos e, em terceiro, o mais grave, o medo de serem mortas pelos seus companheiros: 21% na região Centro-Oeste, 16% no Sul, 15% no Sudeste, e 13% no Nordeste.

Os dados sobre a violência sexual contra a mulher revelam aspectos cruéis. Pesquisa publicada este ano pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Estado do Rio de Janeiro, o “Dossiê Mulher 2011”, indica que, do total de 3.751 estupros praticados contra vítimas do sexo feminino, 53,5% referiam-se a “estupro de vulnerável”, ou seja, as vítimas eram meninas de até 14 anos de idade. Em 50,5% dos casos, as vítimas de estupro conheciam os acusados (companheiros, ex-companheiros, pais, padrastos, parentes e conhecidos), 29,7% tinham relação de parentesco com a vítima (pais, padrastos, parentes) e 10,0% eram companheiros ou ex-companheiros. É doloroso pensar que as meninas são atacadas, dentro de suas casas, por quem deveriam receber proteção, carinho e educação, num cenário de infâncias roubadas e sonhos perdidos.

A cada 2 minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente no Brasil, segundo a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado 2010”, organizada pela Fundação Perseu Abramo/SESC. A violência doméstica aumenta o índice de suicídio, causa repetência escolar dos filhos e promove a cultura da violência. É a que faz mais vítimas no mundo.
Os dados sobre homicídios são ainda mais sombrios. Segundo o estudo “Mapa da Violência no Brasil 2010” do Instituto Sangari, entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres foram assassinadas. Isto significa 10 assassinatos por dia, cerca de 4 assassinatos para cada 100 mil habitantes.

Não podemos ignorar os números aqui apresentados. Não podemos ficar cegas, surdas e mudas aos sinais de violência contra a mulher que testemunhamos em nossas cidades, na vizinhança, ou até em nossas casas. Para quebrar este ciclo milenar do patriarcado, precisamos questionar a cultura e os valores impregnados em nossa sociedade, de que os corpos e as vidas das mulheres possam estar à disposição de homens. Devemos nos indignar diante dessa tragédia, denunciar qualquer forma de violência, mesmo as mais veladas, como o assédio moral. É nossa obrigação procurar as delegacias especializadas, ligar para a Central de Atendimento à Mulher (180) e denunciar, bem como participar das campanhas de conscientização pelo fim da violência contra a mulher.

No sentido de contribuir para transformar essa realidade a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH) e o Instituto Magna Mater (IMM), está organizando a campanha Quem Ama Abraça, marcando os 30 anos do dia 25 de novembro - Dia Internacional de Luta pela Não Violência contra as Mulheres-, e os 20 anos da campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres.

Se você não aceita essas injustificáveis violências, agressões, torturas e mortes de mulheres, seja solidária/o, ajude a denunciar, e se junte ao coro das/os que lutam pelo fim da violência contra as mulheres.

Fonte: http://quemamaabraca.org.br

Quem ama não maltrata, não bate, não mata. 
small logo

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Políticas Públicas


O principal objetivo deste eixo é disponibilizar a toda a sociedade informações acerca das ações governamentais voltadas ao enfrentamento das desigualdades de gênero e à garantia dos direitos e da autonomia das mulheres. O intuito é possibilitar que gestoras e gestores públicos e a sociedade civil organizada acompanhem as atividades de avaliação e monitoramento do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (II PNPM) e que o resultado dessas atividades subsidiem a Administração na formulação de novas políticas e no aperfeiçoamento das já existentes. O Observatório também acompanhará a implementação de planos e políticas para as mulheres nos estados e municípios.

Gráficos de Organismos de Políticas para as Mulheres

 gráfico percentual de 
muicípios com organismos de políticas para as mulheres

   gráfico percentual de 
muicípios com organismos de políticas para as mulheres

  gráfico percentual de 
muicípios com organismos de políticas para as mulheres

 gráfico percentual de conselhos
 de direitos da mulher

  gráfico percentual de muicípios
 com conselhos de direitos da mulher 
gráfico percentual de muicípios
 com serviços de atendimento à mulher


 gráfico percentual de 
muicípios com serviços de atendimento à mulher


gráfico número de serviços de 
atendimento à mulher

gráfico percentual de 
municípios com políticas específicas

gráfico percentual de 
municípios com programas e ações específicas

Dados retirados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2009 (MUNIC 2009). Para acessar, clique aqui.
  
Pacto de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres

 pacto de enfrentamento à 
violência



legenda do pacto
Fonte: Secretaria de Política para as Mulheres

Rede de Atendimento à Mulher

imagem atendimento violência


  Fonte: http://www.observatoriodegenero.gov.br 

Procuradoria da Mulher inicia o projeto ‘Mutirão da Penha’


21.11.2011 – O projeto consiste em visitas a todos os estados a fim de estudar formas de acelerar a aplicação da Lei Maria da Penha no país. O ‘Mutirão da Penha’, que teve início na semana passada em São Paulo, foi sugerido pela Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados. O projeto, realizado em conjunto com governos estaduais, tribunais de Justiça e com o Ministério Público, consiste em visitas a todos os estados a fim de estudar formas de acelerar a aplicação da Lei Maria da Penha (11.340/06) no país.

Deputadas federais e estaduais de São Paulo reuniram-se com o presidente da Sessão Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ciro Pinheiro. Durante a reunião, foram informadas que o estado levou cinco anos, desde a regulamentação da lei, para instalar as varas especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

A procuradora adjunta, deputada Flávia Morais (PDT-GO) informou que hoje o estado possui apenas uma vara especial implantada e completa. Para ela, se levarmos em conta o tamanho do estado de São Paulo, a estrutura se revela muito deficiente. É no estado de São Paulo que são registrados os maiores índices de violência contra a mulher: a cada hora, ao menos oito mulheres sofrem agressão, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública.

O objetivo do ‘Mutirão da Penha’ é identificar os obstáculos e buscar ajuda junto aos governos estaduais e federal a fim de ampliar o atendimento especializado para mulheres vítimas de violência. Às procuradoras foi dito, durante a reunião no estado de São Paulo, que mais seis varas seriam criadas no estado no dia 21 de novembro.

A comitiva do ‘Mutirão da Penha’ visitará ainda neste ano o Distrito Federal, no dia 28 de novembro; Goiás, no dia 5 de dezembro; e o Pará, no dia 15 de dezembro. A partir de fevereiro de 2012, quando serão retomados os trabalhos legislativos, a Procuradoria da Mulher dará continuidade ao projeto e visitará os demais estados.



Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados debaterá nos estados a aplicação da Lei Maria da Penha

21.11.2011 – Reuniões externas foram aprovadas pela comissão, que realizará diligências, seminários, encontros ou mesas-redondas, de acordo com as peculiaridades de cada estado

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados debaterá, nos estados, a aplicação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).

A realização de reuniões externas foi solicitada pela deputada Perpétua Almeida (PcdoB/AC) que afirma que a idéia, aprovada pela comissão, é de realizar diligências, seminários, encontros ou mesas redondas, de acordo com as peculiaridades de cada estado. Os eventos serão preparados e organizados com a participação da Procuradoria da Mulher e da Bancada Feminina.

Segundo a Secretaria de Políticas Para as Mulheres, seis em cada dez brasileiros conhecem alguma mulher vítima de violência doméstica.

Pesquisa realizada pelo Instituto Avon/Ipsos entre 31 de janeiro e 10 de fevereiro de 2011, intitulada “Percepções sobre a violência doméstica contra a mulher no Brasil” mostra que a porcentagem de pessoas que afirmam conhecer a Lei Maria da Penha é de 94%. Contudo, apenas 13% dizem saber seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) acha que, ao ser denunciado, o agressor é preso e 52% das pessoas acreditam que juízes e policiais desqualificam o problema.

Além disso, em mais de 80% dos casos reportados, o parceiro (marido ou namorado) é quem aparece como responsável pelo ato de violência. A pesquisa também mostra que seis em cada sete mulheres (84%) e homens (85%) já ouviram falar da Lei Maria da Penha e quatro em cada cinco mulheres (78%) e homens (80%) têm uma percepção positiva da lei. A principal razão apontada (68%) para  que os agressores não sejam denunciados continua sendo o medo.

De acordo com a pesquisa, para 66% das brasileiras a violência doméstica e familiar contra as mulheres aumentou. Ainda assim, 60% acreditam que a proteção contra este tipo de agressão melhorou após a criação da Lei Maria da Penha. O levantamento indica um crescimento do conhecimento sobre a lei nos últimos dois anos: 98% disseram já ter ouvido falar na lei, contra 83% em 2009.

A deputada Perpétua Almeida lembra que o Brasil tem mais de 5.500 municípios e que conta com apenas 190 Centros de Referência (atenção social, psicológica e orientação jurídica), com 72 casas-abrigo, 466 delegacias especializadas de atendimento à mulher, 93 juizados especializados e varas adaptadas, 57 defensorias especializadas, 21 promotorias especializadas, 12 serviços de responsabilização e educação do agressor e 21 promotorias/núcleos de gênero no Ministério Público.

“O Brasil não se fez omisso ao combate à violência contra a mulher. Tivemos muitos avanços, mas precisamos tornar cada vez mais eficiente a Lei Maria da penha, precisamos fortalecer a sociedade e municiar todos os cidadãos para combater este mal que atinge a base da sociedade brasileira”, defendeu a deputada. 

Relatório da CIDH analisa participação política das mulheres


21.11.2011 – O relatório, lançado no dia 21 de outubro, faz recomendações para que Estados do continente americano fomentem a participação política das mulheres.
O relatório “O caminho até uma democracia substancial: a participação política das mulheres nas Américas” foi lançado no dia 21 de outubro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). O documento parte do pressuposto de que a participação na vida política é um direito humano e, a partir disso, avalia a situação atual da participação no continente americano. O relatório também oferece recomendações a governos e partidos a fim de que possam melhorar o acesso das mulheres à esfera política.
Os principais desafios para a participação feminina na política aparecem como sendo as desvantagens sócio-econômicas, o desconhecimento de direitos políticos e a persistência da violência de gênero. O desconhecimento de direitos é um problema marcante, que afeta principalmente mulheres da zona rural, indígenas e afrodescendentes, que sofrem preconceitos historicamente disseminados de gênero, etnia e raça.
Em relação às desvantagens sócio-econômicas, é destacado que estas se expressam no acesso limitado a financiamento para campanhas nos partidos políticos e na disputa por cargos públicos. A violência, seja intimidação, assédio ou violência doméstica, também aparece como um fator que atrapalha o exercício dos direitos, inclusive do voto.
Outro obstáculo destacado pelo relatório é a idéia de que os partidos seriam um espaço fundamentalmente masculino: “Um dos desafios importantes na região é ter impacto sobre a cultura política dos partidos políticos para alcançar uma distribuição mais eqüitativa do poder, que requer sensibilizar as dirigências políticas, investir na formação de lideranças femininas e reformular as práticas partidárias que discriminam as mulheres”, sugere o documento.
A CIDH recomenda aos Estados americanos a implementação de leis de cotas de gênero, a destinação de financiamento público para candidaturas femininas, além da promoção dos direitos políticos das mulheres.
A Comissão também afirma que, a fim de dissolver a cultura discriminatória (acho misoginia um pouco forte nesse contexto hehe) que atinge boa parte dos partidos políticos, os Estados têm como obrigação garantir a igualdade de fato e de direito, na participação das mulheres na vida pública. Os Estados têm também o dever de institucionalizar canais de participação através dos quais a população feminina possa contribuir de maneira intensa no planejamento, desenvolvimento e implementação de políticas públicas e programas em prol da igualdade de gênero.

Homens ganham 42% a mais que mulheres


21.11.2011 – Dados do Censo 2010 mostram que quadros de desigualdade econômica se mantêm.

Os dados preliminares do Censo 2010, divulgados nesta quarta (16) traçam um panorama do Brasil atual: se, por um lado, temos boas notícias, como a redução do analfabetismo em todas as regiões, por outro, podemos observar a manutenção de quadros de desigualdade: a população branca ganha até 2,4 vezes mais que a negra nos municípios de maior porte (com mais de 500 mil habitantes); e os homens ganham 42% mais que as mulheres (uma média de R$ 1,395 para eles contra R$ 984 para elas).
Os resultados definitivos e completos da amostra do Censo 2010, com informações mais detalhadas sobre os temas, serão divulgados apenas em 2012.
Os resultados preliminares da amostra do Censo 2010 podem ser acessados no sítio do IBGE

"Os brasileiros precisam conhecer a história dos negros"

Petronilha Beatriz

Responsável pelo parecer do Conselho Nacional de Educação que instituiu, há alguns anos, a obrigatoridade do ensino da história da África e de seus descendentes nas escolas brasileiras, a gaúcha Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva é titular de Ensino-aprendizagem-Relações Étnico-Raciais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), pesquisadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e coordenadora do Grupo Gestor do Programa de Ações Afirmativas da mesma universidade. Com vasto currículo acadêmico, a professora possui, ainda, graduação em Português e Francês (1964), mestrado em Educação (1979) e doutorado em Ciências Humanas-Educação (1987), pela Universidade Federal do Rio grande do Sul. No exterior, cursou especialização em Planejamento e Administração no Instituto Internacional de Planejamento da UNESCO, em Paris (1977), e fez estágio de Pós-Doutorado em Teoria da Educação, na University of South Africa, em Pretória, África do Sul (1996). Com toda essa bagagem, tornou-se uma das maiores especialistas em Educação Étnico Racial no Brasil e a primeira negra a pertencer ao Conselho Nacional de Educação. Com exclusividade à RAÇA BRASIL, Petronilha fala sobre os rumos da educação e da Lei 10.639, além do polêmico caso do livro Caçadas de Pedrinho, do escritor Monteiro Lobato. “Ele é um grande literato, mas era racista”, afirma,

Como nasceu a ideia de criar uma lei para ensinar nas escolas a história da Àfrica e seus descendentes?

Em 2002, fui conduzida ao Conselho Nacional de Educação por indicação do Movimento Negro. Aí, começaram a chegar algumas denúncias, como a acorrida num desfile de 7 de setembro, no Tocantins. Não me lembro o nome da cidade, mas não foi na capital. No evento desfilaram crianças de colégio. Um grupo desfilou andando no asfalto com os pés descalços como escravizados e uma menina branca, loura, carregada numa cadeirinha por dois meninos negros. Diziam que estavam contando a história dos transportes. Essa situação toda foi fotografada e fizeram uma exposição na prefeitura da cidade. O movimento negro local pediu para que fosse retirada. Como não o fizeram, o caso foi parar no Conselho.

Assim como a denúncia do livro de Monteiro Lobato?

Sim, mas chegavam casos dos mais variados. Lembro- me, por exemplo, do pai de um menino negro. A criança não queria ir à escola e o pai, querendo saber o motivo, descobriu que era por causa de um livro com uma representação negativa em imagens. Talvez as pessoas tivessem uma intenção, digamos, boa, só para dar um exemplo. Esse segundo caso chegou por meio do MEC.

O primeiro caso, do Tocantins, encaminhamos para a Secretaria do MEC de Educação Fundamental que, por sua vez, tomou providência. Isso para lhe dar um exemplo do tipo de demanda que chegava ao Conselho. Ao mesmo tempo, a gente sabia que havia uma expectativa, claro, do Movimento Negro. Eu propus que houvesse alguma manifestação do Conselho. Convidei militantes que estavam em Brasília para, quando estivéssemos em reunião do Conselho, participássemos paralelamente da reunião. Assim, vários militantes passaram a companhar as reuniões do Conselho. Surgia o embrião que resultaria na Lei 10.639.

Mas antes disso já havia professores e ativistas negros que trabalhavam a questão racial dentro das escolas em todo o Brasil.

Sim, havia um entendimento no Movimento Negro e professores que já trabalhavam com história e cultura afro-brasileira e africana, mas tinha que haver uma mudança nas relações entre negros e não negros, e isso exigiria a elaboração de diretrizes. Então, reunimos um grupo por, praticamente, dois anos.

Nessa comissão é que nos organizamos, de uma maneira informal, sem a oficialização do Conselho, e fizemos também uma programação, porque haveria mudança de governo. No mês de dezembro, apresentamos para a comissão que cuidava da transição uma proposta do que seria importante nos diferentes níveis de ensino, relativamente à população negra para um governo bom. Voltando às diretrizes, fizemos uma consulta, um questionário, que foi distribuído via internet para pessoas do movimento negro, professores, secretarias de educação, estudantes… Muitas discussões foram feitas.

Ou seja: o tema foi amplamente discutido com a sociedade. Houve resistência?

E muita. Houve quem ponderasse, na época, que isso poderia acirrar o racismo, e até hoje há quem ainda diga isso. Quando a lei foi aprovada, houve manifestação de diferentes intelectuais contrários a ela.

Digo que algumas idéias e sentimentos pré-concebidos contra a população negra influi, sim, no fato de as pessoas, por exemplo, acharem que é desnecessário ensinar e educar as relaçõe raciais na escola, porque acham que está tudo bem"

Entre os professores, também existe resistência em acatar a lei?

Não tenha dúvida, pois as leis de diretrizes exigem uma mudança de mentalidade do professor, uma mudança de mentalidade da relação do professor, inclusive com pessoas negras e da imagem que o professor tem das pessoas negras. Eu pergunto em cursos e palestras e peço para as pessoas pensarem: O que eu penso das pessoas negras? De onde vem o que eu penso sobre elas? Aprendi onde? Aprendi quando criança, brincando, ou aprendi estudando? De onde é que vem, qual é a raiz, a origem? Pergunto para as pessoas se darem conta de que elas, às vezes, se comportam sem ter muita clareza de onde vêm a origem e a raiz do seu comportamento.


A senhora diria que a resistência de alguns professores em não querer aplicar a lei se deve também a certo racismo?

Digo que algumas ideias e sentimentos pré-concebidos contra a população negra influi, sim, no fato de as pessoas, por exemplo, acharem que é desnecessário ensinar e educar as relações raciais na escola, porque acham que está tudo bem. De um lado é a necessidade de troca de mentalidade, de outro, um fato das normas legais que são adotadas. Os professores não têm ainda o hábito de lerem e interpretarem as leis de diretrizes, então, fica a cargo de uma coordenadora, de uma supervisora, que diz o que tem que ser feito. Fica nas mãos de um e de outro que pode até, por preconceito, fazer vistas grossas na aplicação da lei.
Em relação à lei, a maior crítica que se faz é quanto ao despreparo do professor para ensinar a matéria na sala de aula.

Os brasileiros precisam conhecer a história dos negros. O que acontece é que a lei de diretrizes de bases é, até certo ponto, explícita, mas tem muitos detalhes, trata de muitos níveis de ensino, e um artigo não dá toda a explicitação. Qual é o papel do Conselho Institucional de Educação diante disso? Interpretar as determinações legais, criar e oferecer elementos para que sejam implantadas. Quero dizer o seguinte: o termo, o artigo da lei é lacônico, mas as diretrizes curriculares que regulamentam para que se possa implantar são detalhadas. Uma das coisas que ela diz é que é preciso criar condições para que os professores implantem entre eles, recebendo informações, fazendo cursos, criando materiais. Mas isso cabe a quem? Cabe à Secretaria de Educação e aos próprios estabelecimentos de ensino, cabe às mantenedoras.

Existe alguma punição para a escola, professor ou secretaria que não esteja cumprindo a lei?

Por iniciativa do próprio Ministério Público, no Rio de Janeiro tem um grupo de advogados que estimulou essa cobrança. A minha universidade, por exemplo, já recebeu. O Ministério Público foi perguntando: Existe uma lei. O que vocês fizeram? Como universidade, tem cumprido o que está determinado? Recentemente, o Ministério Público da região de São Carlos chamou as secretarias municipais de educação e perguntou: O que vocês têm feito? Vocês têm um setor da secretaria ou uma seção para cuidar disso? Se não tem, tem que ter! Chamou a nossa universidade também para dizer: Eles precisam criar condições e vocês têm que ajudar a criar essas condições. O Ministério Público é que tem se encarregado e faz esse controle.

E qual tem sido a resposta?

Para você ter uma ideia, no Rio Grande do Sul, o Ministério Público fez uma cartilha para que não chegassem com a grande e maior desculpa que é: Não temos material!

Logo que foi promulgada a lei e que saíram as diretrizes curriculares, a gente até poderia dizer que os materiais eram muito escassos. Não é que eles fossem de fato inexistentes, mas acontecia que grande parte deles era produzida pelo movimento negro, por pessoas, individualmente. O número das publicações para divulgação era muito restrito, era apenas para aquele universo. Existia tanto que as professoras ligadas ao Movimento Negro ou, sabendo da existência dele, e que se deram ao trabalho de ler as diretrizes que indicavam que o Movimento Negro deveria ser consultado, fizeram isso e tinham material. Mas, hoje, não dá para dizer que não há material. A Secretaria de Educação e o MEC publicaram muito coisa e compraram também.

Então, quem não aplica a lei atualmente, é mais por falta de vontade?

Eu acho que sim. Diria que é má vontade, na medida em que o projeto de sociedade inclui uma sociedade elitista, onde há discriminação. As pessoas vão ter que revisar as suas posições em relação às outras. Esse é o grande Brasil. Não é só saber algumas coisas. Então, o que acontece, as escolas estão fazendo ainda atividades pontuais.

O que a senhora achou da polêmica com o livro Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato?

O que está em questão no parecer do Conselho, com muita clareza, não é a qualidade literária da obra, que não está dizendo que ele é um mau autor. Está dizendo que ele escreveu, em uma época, coisas que desqualificam a população negra, ele teve atitudes racistas e que isso vai reforçar essas atitudes nas crianças que lerem e vão fazer com que as crianças negras se sintam discriminadas, sofram e tenham vergonha de serem negras. É isso que está dizendo o parecer. É importante que o próprio livro chame a atenção do professor para este fato e que se faça um encaminhamento para saber como os professores lidam com isso. Há muito tempo não leio Monteiro Lobato e me dei conta do por quê chamam tanto as crianças negras de macacas. “Ah! O Monteiro Lobato está chamando!”A Emília é uma boneca, é o personagem preferido do … Seja uma boneca, uma árvore, um rato, não importa, esse personagem traz essa mensagem. Nas escolas chamam as crianças negras de macacas, mas o Monteiro Lobato está ensinando.

A CRIANÇA NEGRA TEM QUE LER SABENDO QUE ESSA PESSOA ERA UMA PESSOA RACISTA, QUE NÃO GOSTAVA DE NEGROS. SE GOSTASSE, NÃO ESCREVERIA NEM SE REFERIRIA A ELES DESSA FORMA”

Qual a sua opinião sobre Monteiro Lobato?

Ele é um grande literato, mas era racista, tinha uma posição dentro de sua época e isso tem que ser pontuado. Eu vou fazer a crítica de uma obra literária? Vou sim, se essa obra faz mal para alguém. A criança negra tem que ler sabendo que essa pessoa era uma pessoa racista, que não gostava de negros. Se gostasse, não escreveria nem se referiria a eles dessa forma. E as crianças têm de ser reforçadas para não sofrerem. Elas têm que conhecer Monteiro Lobato e as crianças brancas têm que saber que ele era racista e que isso faz sofrer, desqualifica as pessoas e a gente quer uma sociedade democrática.

Como uma família deve agir se perceber que a escola de seu filho não obedece à lei?

Se o pai e a mãe perceberem que na escola de seus filhos estão contempladas somente imagens e histórias de crianças brancas, devem pegar o parecer e ir até lá dizer: “Olha, está escrito, foi o Conselho Nacional de Educação, quero ver quando vão obedecer a essa lei”. Tenho certeza que o dia em que os pais entrarem na escola com os pareceres, cobrando da escola, as coisas vão mudar.

Fonte: Revista Raça Brasil
Textos e fotos: Maurício Pestana

Quilombos no Brasil


No imaginário popular é muito comum a associação dos quilombos a algo restrito ao passado, que teria desaparecido do país com o fim da escravidão. Mas a verdade é que as chamadas comunidades remanescentes de quilombos existem em praticamente todos os estados brasileiros. Levantamento da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, mapeou 3.524 dessas comunidades. De acordo com outras fontes, o número total de comunidades remanescentes de quilombos pode chegar a cinco mil.


Tradicionalmente, os quilombos eram das regiões de grande concentração de escravos, afastados dos centros urbanos e em locais de difícil acesso. Embrenhados nas matas, selvas ou montanhas, esses núcleos se transformaram em aldeias, dedicando-se à economia de subsistência e às vezes ao comércio, alguns tendo mesmo prosperado. No entanto, devido justamente ao seu isolamento, existe uma grande dificuldade em se obter informações precisas e tornar amplo o conhecimento da população sobre as comunidades remanescentes de quilombos. Esse isolamento fazia parte de uma estratégia que garantiu a sobrevivência de grupos organizados com tradições e relações territoriais próprias, formando, em suas especificidades, uma identidade étnica e cultural que deve ser respeitada e preservada.




O mais emblemático dos quilombos formados no período colonial foi o Quilombo dos Palmares, que localizava-se na serra da Barriga, região hoje pertencente ao estado de Alagoas. Palmares resistiu por mais de um século, e o seu mito transformou-se em moderno símbolo brasileiro da resistência do africano à escravatura.




Conquistas – No período de redemocratização do Brasil, o Movimento Negro e lideranças das comunidades remanescentes de quilombos intensificaram a busca por direitos de cidadania. Envolvidos no processo de elaboração da Constituição Federal de 1988, asseguraram o direito à preservação de sua cultura e identidade, bem como o direito à titulação das terras ocupadas por gerações e gerações de homens e mulheres, que se contrapuseram ao regime escravocrata e constituíram um novo modelo de sociedade e de relação social.




Ao longo dessas duas últimas décadas, as conquistas das comunidades remanescentes de quilombos expandiram-se também para o cenário internacional. A Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário, assegura aos grupos e comunidades tradicionais o direito de se autodefinirem. Em 20 de novembro 2003, o decreto 4.887 regulamentou o procedimento de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos quilombolas.




Em março de 2004 o Governo Federal criou o programa Brasil Quilombola, como uma política de Estado para essas comunidades, abrangendo um conjunto de ações integradas entre diversos órgãos governamentais. O direito à terra e ao desenvolvimento econômico e social passaram a ser reais e assumidos como prioridade governamental. Todas estas ações são coordenadas pela SEPPIR, por meio da Subsecretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais.




Entre as mudanças constatadas desde então, estão os efeitos positivos de inúmeros projetos e ações do Governo Federal para infra-estrutura e instalação de equipamentos sociais das comunidades; desenvolvimento econômico e social, com vistas à sustentabilidade ambiental, social, cultural, econômica e política dos quilombolas; e fomento ao controle e à participação social dos representantes quilombolas em diferentes esferas de proposição e formulação de políticas públicas.




A garantia do acesso à terra, relacionada à identidade étnica como condição essencial para a preservação dessas comunidades, tornou-se uma forma de compensar a injustiça histórica cometida contra a população negra no Brasil, aliando dignidade social à preservação do patrimônio material e imaterial brasileiro. Alterar as condições de vida nas comunidades remanescentes de quilombos por meio da regularização da posse da terra, do estímulo ao desenvolvimento sustentável e o apoio as suas associações representativas são objetivos estratégicos.


Saúde da População Negra

Em 13 de maio de 2009, através da Portaria nº992, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Entre as diretrizes da Portaria estão a conclusão dos temas Racismo e Saúde da População Negra nos processos de formação e educação permanente dos trabalhadores da saúde e no exercício do controle social da saúde; e o reconhecimento dos saberes e práticas populares de saúde, incluindo aqueles preservados pela religiões de matrizes africanas.

A avançada legislação do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda não garante o atendimento das características específicas da população negra, e nem a mesma qualidade na atenção de saúde oferecida aos demais segmentos da população. Por este motivo a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra direciona, em todos os níveis e instâncias do SUS, um esforço para superar os fatores que determinam as expressões de maior vulnerabilidade da população negra como, por exemplo, a anemia falciforme.


Mais de 100 mil pessoas participam do 20 de Novembro em Salvador


Date: 2011-11-22
Saídas de diferentes pontos da cidade, as caminhadas culminaram em concentrações no Pelourinho e em outras áreas do centro da capital da Bahia
A 11ª Caminhada da Liberdade atraiu mais de 100 mil pessoas.


Mais de 100 mil pessoas participaram das celebrações do 20 de Novembro – Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, domingo, em Salvador. Saídas de diferentes pontos da cidade, as caminhadas traduziram a musicalidade, a beleza e as reivindicações dos afrodescendentes da capital baiana. À noite, o pronunciamento em rede nacional da ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, tratou sobre as políticas públicas direcionadas ao segmento.
Este ano, a data ganhou um incremento especial, com a sanção da Lei 12.519, pela presidenta da República, Dilma Rousseff, instituindo o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares. A resolução oficializa uma iniciativa bem-sucedida dos movimentos sociais negros, iniciada em meados dos anos 1970.
As celebrações integraram também a agenda cultural do AfroXXI – Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodecendentes, encerrado no sábado (19) com a declaração da Carta de Salvador. O evento reuniu representações de países sul-americanos, caribenhos, africanos e ibero-americanos, em torno de debates acerca da situação atual dos afrodescendentes nas regiões participantes. A atividade foi organizada no âmbito do Ano Internacional dos Afrodescendentes – instituído por Resolução da Organização das Nações Unidas (ONU).
A comemoração do 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. O dia homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1997, Zumbi faz parte do Livro dos Herois da Pátria, no Panteão da Pátria e da Liberdade.
 


Coordenação de Comunicação


Chefes de Estado firmam compromissos contra racismo

Data: 20/11/2011

Declaração de Salvador estabelece que governos devem promover ações de reparação


Após a foto oficial, o grupo seguiu para o hotel Convento do Carmo, no bairro de Santo Antonio, para almoço.

Chefes de Estado e representantes de países da América Latina, Caribe e África participaram na manhã deste sábado (19) no Palácio Rio Branco, no Centro Histórico da capital baiana, do encerramento do Encontro Ibero-americano do Ano Internaciona dos Afrodescendentes (Afro XXI). O documento final do evento, denominado Declaração de Salvador, foi assinado por cinco chefes de Estado e pelos delegados de outros 11 países presentes à reunião. Dentre os destaques, estão a criação de um fundo internacional para ações de reparação aos afrodescendentes e combate ao racismo, além da instituição de Salvador como a Capital Afrodescendente da Ibero-América.

A presidente Dilma Rousseff abriu os trabalhos, agradecendo a presença de todos. O governador Jaques Wagner destacou a identidade afrodescendente do povo baiano na cultura. Em seguida, foi a vez do secretário Enrique Iglesias, titular da Secretaria Geral Ibero-americana (Segib), organismo internacional que propôs o evento: “Nós estamos endividados com as comunidades negras da América Latina. Esse evento não termina hoje e precisamos continuar, não só nos governos, mas principalmente nos movimentos sociais”, afirmou.

Epsy Campbell, militante do movimento de mulheres negras da Costa Rica e escolhida a representante do fórum de entidades na reunião dos chefes de Estado, foi a próxima a falar. Ela defendeu a criação de um fundo para custear ações de combate ao racismo e de reparação para os afrodescendentes. A proposta foi adotada na Declaração final do evento. “Esse fundo deve garantir uma resposta às necessidades, não para substituir a responsabilidade dos governos, mas para complementá-la e reforçá-la”.

Estiveram presentes os presidentes de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, do Uruguai, José Mujica, e da República da Guiné, Alpha Condé, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Golsalves, e o vice-presidente da Colômbia, Angelino Garzón. Além desses chefes de Estado, participaram do encontro o diretor adjunto do Pnud, Niky Fabiancic, a presidente do Instituto Nacional das Mulheres da Costa Rica, Maureen Clarke o senador dominicano Eddy Vasquez, a Ministra da Cultuura do Peru Susana Baca, o Ministro da Cultura de Cuba Abel Jiménez, o ministro da Cultura do Benin, Valentin Agossou, e a ministra da Cultura de Angola, Rosa Cruz e Silva.

Na última fala dos convidados, o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, homenageou o escritor e dramaturgo Abdias do Nascimento, logo em seguida também citado pela presidente Dilma na fala final da reunião. Após a foto oficial, o grupo seguiu para o Hotel Convento do Carmo, no bairro de Santo Antônio, para almoço, que teria ainda apresentação musical de Gilberto Gil e da cantora e ministra da Cultura do Peru Susana Baca. Durante toda a tarde, a presidente Dilma Rousseff mantém encontros bilaterais com os chefes de Estado presentes ao encontro.

A ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, destacou o grande passo dado com o evento. “Avançamos em relação a Durban com a criação de um fundo para apoiar ações afirmativas, iniciativas de desenvolvimento de infraestrutura dentro das comunidades negras”. O Afro XXI é uma realização do governo brasileiro, através da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir/PR) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Governo do Estado da Bahia, através das secretarias de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), de Cultura (Secult), e das Relações Internacionais e da Agenda Bahia (Serinter), associados a Secretaria-Geral Ibero-Americana (Segib).

A parceria para a realização do Encontro inclui também a Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), e a ONU, através de suas agências: Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP).

Os textos da Declaração de Salvador e da Carta de Salvador estão disponíveis no endereço http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa.


Assessoria de Comunicação do AfroXXI

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Censo do IBGE de 2010 revela número de negros em Domingos Martins

O número total da população do município de Domingos Martins, segundo a preliminar do censo de 2010 do IBGE é 31.847, sendo que 62% da população consideram-se brancos, enquanto que o número de negros no município é de apenas 920 pessoas. Dessa forma compreende-se que a população do município é predominantemente branca devido às imigrações ocorridas a partir do século XIX principalmente por Alemães e Pomeranos. 



 A população do município de Domingos Martins é composta por 15.753 mulheres, segundo o censo 2010 do IBGE, dessas 11.675 residem em área rural, ou seja, a maioria das mulheres do município se concentra em zona rural. Na realidade cerca de 76% da população do município reside em zonas rurais, esse fato se explica devido a economia do município estar baseada no setor agropecuário.


O IBGE fez um levantamento de 26.635 pessoas alfabetizadas. 72% das pessoas consideradas alfabetizadas são brancas, sendo que 36% desta população são mulheres. Da mesma forma, tem-se que apenas 3% das pessoas consideradas alfabetizadas são negras, sendo que apenas 1% desse número são mulheres, conforme mostra o gráfico abaixo.


Dessa forma percebemos que o número de negros alfabetizados no município ainda é consideravelmente baixo se comparado ao número de brancos. E este dado se agrava ainda mais quando observado o número de mulheres negras alfabetizadas.


Quanto ao responsável pelo sustento da família foram entrevistadas 9.770 pessoas. Apenas 24% das mulheres domiciliadas no município foram apontadas como as principais responsáveis pelo sustento de sua família contra 76% dos homens. Portanto no município de Domingos Martins a maioria das famílias tem homens como principal mantenedor das famílias.




Fonte: censo 2010 disponível em  http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?uf=es